Por Mariana Nassif


Uma das maiores oportunidades do empreendedorismo materno, além de estar de fato mais próxima dos papéis que se escolhe viver, é o aprendizado sobre as diferentes áreas de uma verdadeira empresa. Não importa se seu negócio é minúsculo ou se está em fase de expansão: o desenrolar das atividades relacionadas ao que você apresenta para o público passa (ou pelo menos deveria passar) por momentos administrativos, criativos, burocráticos, livres – e tantos outros que, normalmente, são gerenciados por pessoas com aptidões diferentes numa instituição de grande porte. Mas que, no caso das mães home office, estão focados na empreendedora.

É claro que você pode contratar profissionais que auxiliem seu posicionamento nos territórios nos quais suas aptidões são menores, inclusive para brilhar nesses espaços que você domina mas, venhamos e convenhamos, o ganho de conhecimento é um combustível mágico para quem investe em ser sua própria chefe.

Por isso, vamos falar um pouco sobre a área de marketing digital, especialmente sobre o Instagram e o Facebook, as redes mais utilizadas por quem começa a marcar presença on-line – mas, acredite, não as únicas redes onde se é essencial estar presente.

Em que rede está seu consumidor?

Segundo Liliane Ferrari, mãe da Luisa e apontada como uma das 10 mulheres mais influentes da internet brasileira pelo iG, além destaque na capa da edição de Veja sobre redes sociais e recentemente indicada pela ABComm como melhor profissional de social media 2017, a primeira pergunta a ser feita é “onde está meu público?”. Acompanhada de “que tipo de conteúdo ele consome?” e “do que ele gosta?”, a pergunta pode determinar se vale você desenvolver um perfil institucional para sua marca no LinkedIn, por exemplo, se seu público não tem presença significativa na rede.

Para determinar esse ponto vale ter um conhecimento básico das principais redes sociais disponíveis atualmente, além de tirar um tempo para visitar esses ambientes e observar atentamente o tipo de conteúdo compartilhado.

Logo após essa reflexão, vale pensar no tipo de conteúdo que você irá postar e, principalmente, qual seu conhecimento sobre a mídia escolhida. Fotos? Textos? Vídeos?

Vale lembrar que vídeo é muito bacana, mas para quem não tem a menor intimidade com filmagem e edição esse investimento pode significar desperdício de tempo e ainda acúmulo de uma frustração que poderia ser evitada simplesmente com a escolha da mídia que você já tem facilidade em manipular. Não manja de nenhuma “dessas coisas?” Faça as contas e considere procurar cursos para angariar autonomia.

Se você decidiu tomar conta das suas redes sociais, é fundamental conhecer e se apropriar do básico: conteúdo com bom texto e imagens agradáveis, você deve saber, é o mínimo que uma marca pode oferecer para quem consome.

Crédito: Pixabay

Na prática

Renata Sung, do @room.for.two, somou a vivência profissional no mercado de design com a experiência incrível da maternidade gemelar para continuar manifestando a criatividade visual e incrementar a discussão referente à gravidez de gêmeos, quase sempre associada a um trabalho enorme: “Eu queria mostrar para as outras mães (de múltiplos ou não) que ter gemelares é positivo e não um bicho de sete cabeças. E foi o que aconteceu.

Após a licença maternidade perdi meu emprego fixo e, como tinha dois bebês em casa, comecei a trabalhar sob demanda. Como foi um recomeço lento, usei a rede também como um laboratório para explorar a criatividade do trabalho de designer e não perder o ritmo.”

Ela conta que, atualmente, o perfil gera receita de forma indireta, já que não vende produtos nem faz posts patrocinados (#ad) mas, por conta do capricho da apresentação e atenção com os seguidores, trouxe trabalhos na área de criatividade e design, encomendados por gente que ela conhece via rede.

Segmentação e direcionamento

Outra dica de ouro que Liliane apresenta é o planejamento e análise das postagens – hoje, tanto Facebook quanto Instagram têm ferramentas de agendamento de conteúdo que, para as mães, é especialmente interessante e evita a ansiedade do “ainda não postei hoje”.

Programar seu conteúdo gera engajamento, visibilidade e coerência para seu público e sua organização interna, além de ser um excelente termômetro para entender do que seu público mais gosta dentre os temas que você compartilha. Compensa empregar um tempo nisso, criando uma tabela de temas principais e distribuindo ao longo da semana, por exemplo.

No caso de Renata, como ela retrata a rotina e descobertas da maternagem gemelar, o conteúdo flui de forma mais orgânica, mas marca presença constante, especialmente quando ela sente que os assuntos compartilhados anteriormente geraram engajamento do público. “Tento falar sobre novos assuntos de acordo com a evolução deles e a minha, como mãe, e abro espaço para repetir temas quando observo que geram discussões proveitosas”.

A repetição do temas é algo que funciona muito melhor do que a repetição do post, o famoso “reply”, que acontece especialmente quando a gente posta algo no Instagram e compartilha no Facebook. As hashtags funcionam muito bem na primeira rede, mas são ineficazes na segunda e, inclusive, afetam negativamente a estética da postagem.

Além disso, há desperdício de energia em compartilhar o mesmo conteúdo ao mesmo tempo em duas redes, já que cada uma apresenta uma dinâmica de acesso por parte do público. Exercite o hábito de formatar o conteúdo de acordo com a rede onde irá publicá-lo.

Critério mesmo – e especialmente – em casa

A mestra em redes sociais dá a letra: “Facebook e Instagram não são mais grátis para as marcas. Esse tempo acabou definitivamente”.

Hoje, o terreno das redes sociais é dos mais hostis e sobreviver sem investimento mínimo de pelo menos R$5,00 por dia acaba sendo inviável, ainda de acordo com Liliane. Relevância nas redes é uma combinação algorítmica que envolve interação e período de tempo em exposição, e o impulsionamento das publicações gera essa força e garante a exposição do seu conteúdo na timeline de seu público.

“Em resumo: não basta saber a mídia onde está seu público e abrir um perfil nela, é preciso saber usar com profissionalismo: técnicas, observar se a marca tem conteúdo para postar, reagir às interações, fazer monitoramento”, explica Liliane, que ministra diversos cursos nessas áreas via eduK, uma plataforma de e-learning com certificação.

Quando perguntada sobre qual o termômetro para avaliar o sucesso ou o fracasso de um perfil institucional nas redes, ela é categórica: “simples: gerou venda? Gerou cadastro? Gerou pedido de orçamento? Like não é nada, dinheiro no caixa é tudo”.